Esse livro não caiu por acidente na minha lista de leitura.
Na verdade, ele já estava disputando a minha atenção há algum tempo. Afinal, esse romance YA é finalista do Prêmio Kindle de Literatura Jovem, concurso este no qual também estava inscrito o meu último lançamento, Um Verão, Muitos Clichês. Então, claro que já tinha visto essa capa fofa e esse título mega curioso e instigante várias vezes nas minhas navegações pela Amazon.
A sinopse já tinha me conquistado e era certo que leria esse livro em algum momento e, como sou adepta da premissa que é o livro que escolhe a gente, claro que essa leitura entrou na minha vida no momento certo.
Essa leitura desbloqueou um hiato de quase dois meses desde a última resenha publicada aqui no blog.
E não foi por falta de leituras e muito menos por não ter lido livros dignos de figurarem aqui no blog, mas simplesmente porque estava com o modo resenha bloqueado.
Não conseguia encontrar aquela forma característica de descrever e indicar as minhas leituras, com muito carinho e aquele olhar atento que sempre gera muitas leituras e interação das minhas resenhas.
Depois de terminar essa leitura, foi impossível conter a vontade de comentar sobre esse livro e como ele me impactou imensamente.
A Juliana tem uma escrita pulsante e muito vívida.
"Corações quebram em silêncio."
A narrativa me transportou para aquele sentimento de ansiedade típico da adolescência. Aquele frio na barriga, aquela dúvida sobre o que dizer, como dizer, quando dizer, quando calar e a dor de não falar, de manter aquelas palavras presas na garganta quando o que elas mais querem é escapar e criar um caos. Na esperança de que seja o caos com o qual a gente sempre sonhou.
"Vicente prendeu a respiração por um segundo e se perguntou, pela primeira vez de muitas que ainda iam vir, se era possível que os olhos e o sorriso de alguém pudessem fazer machucados sararem como se fosse mágica. E se perguntou também se Davi sabia que os dele conseguiam fazer isso."
A história se passa em uma noite na casa de praia da família do Davi enquanto um grupo de amigos joga uma partida de Detetive, aquele clássico jogo de tabuleiro que todo mundo deve conhecer.
Em cada capítulo, à medida em que o jogo vai se desenrolando e os pinos andam pelo tabuleiro e entram em determinado aposento, aquele cômodo é usado como pano de fundo para trazer á tona uma reminiscência da relação entre Davi e Vicente, que ficaram amigos na infância e, agora, ao final do ensino médio, percebem que os sentimentos que construíram podem ser mais que apenas amizade.
Vicente tem certeza sobre seus sentimentos, mas a timidez o impede de agir e obter as respostas que tanto anseia. Davi está confuso e acaba fazendo um péssimo movimento no tabuleiro da vida e afastando seu melhor amigo.
"Davi a saber, ele tinha certeza, ia conseguir sentir seu coração batendo e pulsando pelo tecido da roupa, assim tão de perto, assim por causa dele. Ainda por causa dele. Sempre por causa dele."
Essa partida de Detetive é muito mais do que apenas um jogo descontraído entre amigos. É um subterfúgio para reconstruir uma relação de anos que não querem deixar se perder e para, talvez, construir algo diferente para o futuro.
Com uma linguagem super jovial, muitas referências divertidas, personagens que trazem alívio cômico para os momentos mais dramáticos, reviravoltas inesperadas e lembranças de momentos fofos, tensos e complexos na vida desses protagonistas, o livro conquista do início ao fim.
Faça as malas para essa viagem através de um tabuleiro misterioso, caótico e tortuoso e façam seus palpites, sem espiar o conteúdo confidencial antes da hora!
Vamos viajar?!
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