ATÉ ESSA COMÉDIA SE TORNAR ROMÂNTICA - MARINA HADLICH

 

Quem gosta de chick-lit da vida real, que não romantiza ou idealiza os relacionamentos, que traz personagens reais, com qualidades e defeitos e que trata de forma engraçada e descontraída temas do cotidiano, como maternidade, trabalho, relações familiares, romance, namoro, dentre outros, vai amar essa leitura!

A escrita da Marina é muito irreverente e sua protagonista conversa diretamente com o leitor, quebrando a quarta parede e provocando o leitor a interagir com a história e com os dilemas da Selena, que é uma jovem atrapalhada - como a maioria das mocinhas de chick-lit - que sai da casa dos pais para conquistar a própria independência e se depara com uma porção generosa de desafios.

Selena tem uma filha pequena, como a capa já demonstra, a quem dá o nome de Merida - em homenagem à Valente, princesa destemida do filme da Disney -, e que foi fruto de um caso de um noite e ela sequer tem contato com o pai da menina.

A maternidade, por óbvio, é um dos muitos temas pertinentes que esse livro aborda, de forma bastante sensível, bem-humorada e livre de quaisquer idealizações. 

Aqui a autora traz a maternidade real, nua e crua, com seus altos e baixos, com seus percalços, culpas, medos e pequenas conquistas do dia-a-dia e tudo isso é receita para muitas risadas, porque essa é a marca registrada da Marina.

Mas não é só de gargalhadas que vive esse chick-lit. 

A autora aborda um tema bastante complexo e polêmico: as relações de abuso no ambiente de trabalho e Selena, com todos os outros desafios de ser uma mãe solo morando sozinha com a filha pela primeira vez, tem que encarar mais esse, quando seu chefe começa a assediá-la moral e sexualmente.

Outro dilema que nossa protagonista enfrenta é o surgimento do pai da sua filha, quando sua vida já está bastante conturbada, e a autora aborda essa crise existencial da Selena de forma muito sensível, demonstrando suas incertezas e inseguranças sobre perder o controle e autonomia sobre a vida da filha, a quem criou, sozinha, até então. Mas sem deixar de lado os conflitos internos sobre seu desejo de que a menina possa ter uma relação com o pai e a importância disso para a vida de ambos.

Claro que, como bom chick-lit, não poderia faltar o romance e este está presente na forma de um vizinho gato, que é médico e que recebe Selena no prédio de braços abertos, se mostrando sempre solícito a auxiliá-la nas duas intempéries diárias.

Esse livro entrega tudo o que promete e um pouco mais, então, faça as malas e se jogue de cabeça, sem lenço e sem documento, e, principalmente, sem julgamentos, nas desventuras da Selena e aproveite essa leitura divertida, engraçada e descontraída que a Marina proporciona!

Vamos viajar?!

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