PEQUENAS MORTEZINHAS: MEMÓRIAS DE UMA MULHER VIVA - LUCIANA RIBEIRO LOPES

 


Impactante é a primeira palavra que vem à mente quando penso sobre o que essa leitura significou para mim.

O romance da Luciana Ribeiro Lopes propõe uma imersão nos pensamentos, sentimentos e memórias de uma mulher na menopausa e é exatamente isso o que entrega.

Profundidade. É isso que o leitor encontra nesta leitura. Seja nas camadas da protagonista, seja nas emoções que as reflexões deste livro provoca.

Engana-se quem pensa que o livro é uma análise superficial sobre a menopausa e seus reflexos no corpo, mente e alma femininos. A história é muito mais densa e intensa que isso.

A transformação que a menopausa propõe à protagonista vai muito além dos reflexos em seu corpo. Ela a instiga a mergulhar fundo em si mesma, nas suas memórias e das suas ancestrais, se conectar verdadeiramente com sua essência feminina, em uma cura do feminino e masculino que lhe integram, até reconhecer a si mesma e desvendar a própria identidade.

"uma fúria virar mulher. outra, envelhecer."

Li tudo de uma só vez, sem paradas, sem pausas, na mesma intensidade da escrita da Luciana, pois foi simplesmente impossível interromper a leitura.

Talvez a estética do livro também tenha sua parcela de responsabilidade em fazer o leitor seguir sem freios, como a escolha dos parágrafos e das pontuações, que impulsiona esse fluxo, sem pausas.

Adorei a forma como a autora descreveu as pequenas mortes do cotidiano e me identifiquei em várias, nos medos das que virão e na ressignificação das perdas.

As mortes do livro, reais ou metafóricas, são sofridas, mas a mensagem final de esperança, de (re)começos , de amor-próprio e de vida, amenizam as dores e ajudam a curar as feridas que fingimos não notar que existem.

"como você se sente? morta. sem dar conta dessa vida que não para de acontecer."

Leitura obrigatória, na minha humilde opinião.

Faça as malas e aventure-se nessa jornada heroica na busca pela própria essência, permitindo-se experimentar as dores, as perdas, os lutos, as culpas e acolhê-los, assim como faz a protagonista desta história que é de todas nós, tenhamos ou não chegado a esta fase de transição que impulsionou a construção dessa história belíssima sobre autoconhecimento e amor-próprio.

Vamos viajar?!

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