Quem, como eu, gosta de leituras contemporâneas e que tratam de temas pertinentes com muita sensibilidade e crueza, vai adorar o livro da Suzana Amorim.
O peito oco é uma ficção psicológica que concorre ao Prêmio Kindle de Literatura e aborda temas como maternidade, identidade, crises e perdas.
Apostando em uma escrita não linear, que mistura presente e passado, além de trazer muitas reflexões e perspectivas sobre o futuro, a autora apresenta sua protagonista, que, intencionalmente, não tem nome e, assim, representa tanto todas as mulheres que vivenciam a solidão da maternidade, como demonstra sua crise existencial, e que percorre essa jornada solitária da maternidade.
"Para a ansiedade, as horas têm duração de dias, às vezes, de anos."
Não é um livro sobre depressão pós-parto, apesar de conter vários elementos indicativos de que essa é a jornada que a protagonista atravessa ao longo da narrativa. A história dessa mulher não nomeada é muito maior que apenas isso.
É sobre a confusão de papéis e como interpretá-los quando se está diante de uma total ausência de identidade, quando não se consegue encontrar identificação, referências e quando a mulher, nesse momento intensamente solitário, se confronta com uma realidade diversa daquela que idealizou e percebe que os sentimentos que lhe assolam não são aqueles que supunha que experimentaria.
Esse livro é uma desromantização da maternidade e, com muita sutileza e um tanto de ironia, representa o feminino e traz luz para um momento que é muitas vezes sombrio na vida das recém mães.
"A culpa vinha pelo que deveria ser e não era."
Apesar do dramatismo do tema e das emoções pungentes que a autora explora nessa narrativa, é uma leitura muito fluída e agradável, que conduz para muitas reflexões, especialmente para quem já vivenciou esse processo ou pretende vivenciar.
Faça as malas, deixando fora delas julgamentos e pré-conceitos, e aproveite essa leitura riquíssima em emoções e profundidade emocional, que percorre os caminhos femininos, não só da maternidade, como também das identificações, desafios, dores e culpas das mulheres, que são tão nossas, mas de todas nós.
Vamos viajar?!
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