Finalista do Prêmio Jabuti 2022 no Eixo Literatura, na categoria Romance Literário, Pequena Coreografia do Adeus, da Aline Bei, é uma litura singular que provoca muitas contradições e emoções.
"É normal a gente desconhecer as pessoas que a gente achava que conhecia?"
A escrita da Aline é muito peculiar e coloca o leitor diretamente em contato com os sentimentos mais profundos da protagonista, nem sempre de forma linear ou conclusiva, mas sempre de forma a impressionar e emocionar.
"Pela primeira vez na vida não sinto vontade de desaparecer."
Esse é um livro tão complexo e intrigante que é verdadeiramente impossível largá-lo antes de terminar, e foi exatamente isso que aconteceu comigo. Em um único dia, devorei as páginas de forma quase tão frenética quanto a narrativa de Júlia Terra e suas inquietações.
"Quantas possibilidades de Júlia eu perdi pelo caminho para me transformar nesta Júlia que sou agora."
O livro começa trazendo a perspectiva da Júlia criança, menina, mocinha, ainda preservando sua inocência e ingenuidade infantis, mas já muito observadora e profundamente impactada pelo seu contexto, especialmente o familiar.
"Minha mãe era uma flor que sangrou por ser idealista por isso se fechou em aço, se abria apenas quando o sono era quem comandava seu espírito."
Sua relação conturbada com a figura materna é o ponto principal desta primeira parte da narrativa e da construção de toda a sua personalidade e visão de mundo, que se mostram com mais evidência na segunda parte do livro, que traz a Júlia adulta.
A segunda parte mostra o momento de rompimento com a mãe, quando Júlia se muda para sua própria casa e conquista sua autonomia, ainda que não totalmente a emocional. Sua trajetória também é marcada pela relação distante com o pai e pelos muitos silêncios que envolvem suas relações familiares.
"Nas repetições é que se instalam os afetos cotidianos."
Pequena coreografia do adeus não é uma leitura leve, mas é muito emocionante e inspira muitas reflexões sobre como as relações familiares tóxicas, especialmente na infância, podem conduzir sentimentos inquietantes por toda uma vida.
"Faz alguns anos que estou juntando forças para deixar o seu teatro, eu que sempre fui o seu público mais fiel. Acontece que chegou a hora de parar de assistir à vida dos outros. Chegou a hora de eu viver também."
O livro também traz uma mensagem final de esperança, quando mostra que Júlia conquista relacionamentos desprovidos de toxicidade e que encontra seus próprios meios de ressignificar seus conflitos internos e sua dor, especialmente pelo meio da criatividade e da escrita.
"Era quase melhor falar com a folha que apenas escutava silenciosa, mas atenta quente e sempre receptiva à minha dor."
Faça as malas, desprovidas de pudores, preconceitos e restrições, e envolva-se pela magia das palavras dessa escritora fantástica que conquista o leitor nas primeiras frases e o conduz por uma viagem literária repleta e emoções, investigações e inquietações, culminando em uma experiência transformadora.
Vamos viajar?!
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