"Como que aos trinta e cinco anos tinha conseguido chegar no fundo do poço?"
A história já começa conduzindo para essa importante reflexão da protagonista, Luísa, que narra sua trajetória, intercalando presente e passado, explorando cada detalhe dos acontecimentos que marcaram sua vida e corroboraram para sua afirmação inicial.
No presente, a vida de Luísa não parece nada confortável, a começar pelas situações de autodepreciação em que se envolve, abusando de bebidas alcoólicas, praticando sexo sem compromisso com homens nos quais não possui nenhum interesse, afastada da família, sem amigos, desprovida de qualquer ambição.
"Sempre soube que seria diferente de todos aqueles que me rodeavam."
Um trágico acidente de carro a faz refletir sobre sua realidade atual e repensar as experiências da adolescência, quando conheceu seu primeiro amor, Júlio César, que, dramaticamente, é o responsável pelo seu atropelamento.
"Um amor que o tempo não foi capaz de apagar ou me fazer esquecer, embora as palavras fossem impossíveis de serem pronunciadas."
Monique é dotada de uma escrita verdadeiramente dramática, provocando sentimentos e sensações vívidos com sua narrativa emocionante e realista, especialmente ao conduzir o leitor através dos acontecimentos trágicos que marcaram a vida desse casal.
Luísa transborda sentimentos guardados por longos anos e reavalia suas atitudes, responsáveis por afastar a todos de sua vida e torná-la miserável e solitária, conjugando emoções contraditórias, como mágoa, ressentimento e traições versus arrependimento, perdão e redenção.
É admirável a transformação pela qual passa a protagonista ao longo do livro, provocando percepções e diferentes sensações no leitor ao longo da narrativa, ora empatizando e torcendo pela sua redenção, ora apavorando-se por suas atitudes egoístas.
"Quanto tempo perdi querendo ser quem não era, impressionar alguém que não precisava ser impressionado."
Ao mesmo tempo, a autora invoca sentimentos e reflexões acerca dos demais personagens envolvidos na trama, como o pai de Luísa e seus padrinhos, e, em especial, Júlio César, um dos mais afetados pela ações imprudentes de Luísa.
Nos capítulos finais, Júlio César assume a narrativa e relata sua versão dos fatos e as consequências emocionais de tudo o que sofreu por conta do relacionamento tóxico com Luísa, proporcionando uma verdadeira imersão em todas as perspectivas dessa história, resultando em uma experiência realmente transformadora.
A narrativa é, por vezes, incômoda, pois aborda assuntos controversos e complicados, que mexem com conceitos e valores que levam a questionar nossas próprias percepções da realidade, e por isso é tão valorosa.
Faça as malas e aventure-se nesta experiência transformadora, repleta de aprendizados, que mostra, de forma palpável, como as escolhas produzem consequências impactantes, com as quais devemos conviver, com uma lição singela, apesar do final agridoce da história, de que o perdão sempre é possível, especialmente partindo de nós mesmos.
"A última coisa que nos resta além do amor, é o perdão."
Vamos viajar?!
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