Meu primeiro celular foi adquirido aos 20 anos de idade, e
não tinha internet. Tivemos nosso primeiro computador, compartilhado entre 5
pessoas, quando tinha 13 anos, e a internet chegou um ano depois, e era
discada. Lembro da emoção em fazer download da minha primeira música, o que
levou mais de uma semana.
As séries eram assistidas através da TV a cabo, e chegavam
vários meses depois da sua estreia no país de origem. Não tinha como gravar ou
assistir quando quisesse. Tinha dia e horário certo, e se perdesse o episódio,
podia revê-lo num determinado horário aos domingos, ou então só quando a temporada
acabasse e começasse a sua reprise, até a chegada da nova temporada. Uma
verdadeira tortura, mas que proporcionava uma conexão totalmente diferente e
muito mais intensa!
Livros, então...até chegar a versão traduzida nas livrarias,
era uma verdadeira eternidade. E para conseguir o livro em idioma original,
somente sob encomenda, e a um altíssimo custo. Então, o negócio era esperar! E
esperar e esperar...
Confesso que levei um certo tempo até me aventurar nos livros
digitais, e somente embarquei nessa maluca aventura porque o livro cuja
sequência eu queria ler ainda não tinha sido publicado no Brasil, então adquiri
um e-book, em idioma original. Que livro era esse? Harry Potter and the Deathly Hallows (Harry Potter e as Relíquias da Morte), e não, não era possível esperar pelo final em português e em livro impresso.
Por sorte, há muitos anos eu já tinha domínio suficiente para
ler em inglês, e esta foi minha salvação. O livro virtual para sanar minha
enorme curiosidade sobre o final dessa saga tão especial na minha vida – e na
de muita gente! Claro que quando o livro foi lançado no Brasil eu o adquiri
para completar minha coleção e reli em português, somente pelo prazer de
terminar a saga da mesma forma que comecei, lendo em papel impresso e no
vernáculo.
Mas a partir dessa experiência, outras surgiram.
O universo
literário é muito mais vasto online, e se é possível ter acesso a muitos
livros, em muitos idiomas, que até então não eram acessíveis nas livrarias.
Pelo menos não a um custo razoável. E, desde então, foram muitas leituras
virtuais, e tenho que admitir que um dos meus livros favoritos de todos os
tempos eu somente tenho virtual.
Claro que não há nada que supere o cheio de livro novo – ou
mesmo o estranho cheiro dos livros usados, comprados nos sebos – e a sensação
de passar os dedos pela capa dura e lisinha do livro impresso. Nada substitui a
sensação de começar a ler o livro pela contracapa e abri-lo em uma página
aleatória e ler só um pedacinho do que está por vir.
Porém, são tempos modernos; de novas oportunidades e
tecnologias, e, já que não queremos vencê-las, o jeito é usufruir delas da
melhor forma possível!
Além disso, em termos de literatura nacional - minha paixão! - é possível encontrar uma diversidade quase infinita de talentosos novos autores, muitos independentes, que você nunca descobriria se não fosse a oportunidade oferecida pelas plataformas digitais!
Meu conselho aos que ainda não se aventuraram nessa nova plataforma é o seguinte: respire fundo, vença o preconceito, escolha um lugar confortável, iluminação correta, e o livro apropriado para fazer com que essa nova experiência seja bem sucedida e o início de uma nova forma de apreciar as histórias.
Afinal, é possível também
amar o livro virtual. A emoção da viagem é a mesma, é só a forma de viajar que é diferente.
Vamos viajar?
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