A continuação de Corte de Espinhos e Rosas, a saga de fantasia sobre feéricos mais badalada do momento, tem uma atmosfera totalmente diferente do primeiro livro e muito mais interessante. Particularmente, precisei de um hiato entre uma leitura e outra por conta do descontentamento com o enredo final do livro inaugural, e as primeiras cem páginas da continuação foram árduas, diante da vagarosidade enfadonha com a qual a autora decidiu dar início à sequência.
Superado o ranço inicial com a inércia de Feyre e com a exaustiva narração dos seus afazeres desprovidos de qualquer significância - o que, admito, faz sentido para a construção do que decorrerá na sequência -, a trama volta a engrenar, quando ressurge um dos personagens mais interessantes de toda essa saga: Rhysand, o Grão-Senhor da Corte Noturna.
"Pode ser um peão, pode ser a recompensa de alguém e passar o resto da vida imortal se curvando e buscando aprovação e fingindo ser menos que ele, que Ianthe, que qualquer um de nós. Se quiser escolher esse caminho, então, tudo bem. É uma pena, mas a escolha é sua."
Esse personagem merece destaque absoluto, pois além de atrair todas as atenções para si, tornando Feyre quase uma coadjuvante na própria história, diante da sua potência e profundidade, ele possui tantas camadas, que vão sendo reveladas gradativamente, de maneiras impressionantes, que o tornam um dos personagens mais emblemáticos da fantasia - seguindo de perto meus favoritos Damon Salvatore e Aaron Warner, de The Vampire Diaries e da série Shatter Me, respectivamente.
O ponto alto dessa obra é observar o amadurecimento e fortalecimento emocional da protagonista, quando abastecida com os elementos necessários para refletir e compreender todas as etapas do seu desenvolvimento e das situações às quais foi exposta, e a forma como ela decide lidar com esse conhecimento e revelações, enfim apropriando-se de si mesma, do seu poder e da sua essência.
"Você não é súdita de ninguém."
Indiscutível que a criação desse universo fantástico foi elaborada e desenvolvida de forma estonteante e com muito detalhamento, o que é sempre admirável e louvável em obras desse gênero. O enredo, neste livro, é muito mais sofisticado e intrincado do que no livro inaugural, assim como os perigos e os vilões são mais coerentes e efetivamente malignos, ao contrário da vaidosa, caprichosa e patética vilã do primeiro livro, que quase não ofereceu qualquer desafio significativo na trama.
Outro ponto de extrema relevância é a construção do relacionamento entre Feyre e Rhysand, o qual é trabalhado de forma gradual, de modo a dar a atenção merecida a cada etapa dessa relação, que começa com dúvidas, inseguranças e animosidade e vai se desenvolvendo de formas próprias até culminar com as importantes revelações finais, que são apaixonantemente impactantes e muito bem entrelaçadas com cada detalhe desde o primeiro contato entre os dois.
"Estou pensando (...) que olho para você e me sinto como se estivesse morrendo. Como se não conseguisse respirar."
O final é surpreendente e muito sagaz, deixando aquele desespero pela continuação, para saber como as coisas irão se desenrolar a partir das complicações experimentadas pelos personagens ao final desta aventura.
"Então, nosso jogo tinha começado."
Faça as malas e prepare-se para ser surpreendido de inúmeras formas ao longo dessa experiência fantástica e estonteante, que mistura ficção, suspense, aventura, romance e muito erotismo, enquanto observa as nuances do desenvolvimento dos protagonistas e a maneira belíssima como esses detalhes são abordados, provocando uma porção de emoções entusiasmadas.
Vamos viajar?

Comentários
Postar um comentário