Uma versão moderna e um tanto mais assustadora de a
Bela e a Fera, em um universo féerico, repleto de mistérios, enigmas e
criaturas apavorantes, contrastando com fragmentos de humor, paixão,
sensualidade e esperança.
"Eu sabia... eu sabia que seguia um caminho que
provavelmente terminaria com meu coração mortal despedaçado, mesmo assim...
Mesmo assim, não pude evitar."
Feyre é uma
jovem humana com uma vida miserável, arriscando-se em uma floresta congelante e
cheia de perigos para caçar alimento para sua família, composta, aparentemente, de um pai fraco
e orgulhoso, e duas irmãs mimadas e ingratas.
Sua vida muda drasticamente quando ela decide abater
um lobo, ainda que desconfie se tratar de um féerico, e acaba sendo levada para
Prythian, o Reino féerico, como prisioneira para pagar a dívida pela morte que
causou.
Na corte primaveril, Feyre descobre que a maioria de
suas crenças sobre os féericos é baseada em mitos inverídicos, e ali, sem a
responsabilidade de prover o mínimo para sua família, ela começa a usufruir de
uma liberdade que jamais experimentou e da possibilidade de realmente descobrir quem é.
Tamlin, seu captor, inicialmente se mostra como a Fera
brutal que Feyre acredita que ele seja, mas aos poucos demonstra sua verdadeira
natureza, concedendo à ela a liberdade que ela sequer considerava almejar, além
de um vislumbre de esperança de uma vida digna, para ela e sua família.
O romance dos dois é intenso e repleto de empecilhos,
como a máscara que impede Feyre de conhecer as verdadeiras feições de Tamlin, e
a ameaça de uma praga que promete acabar com tudo o que a garota está começando
a apreciar, inclusive seu amado.
Feyre está rodeada de perigos e enigmas, os quais ela
é inicialmente incapaz de revelar, mas à medida que vai abrindo os olhos para
os seus arredores, e para dentro de si mesma, ela finalmente consegue desvendar
os mistérios necessários para garantir a sua sobrevivência.
Os personagens coadjuvantes são tão ou mais
interessantes que os protagonistas, com destaque para Rhysand, Lucien e a irmã
supostamente mimada e ingrata, Nestha, que direcionam Feyre a se aventurar por
caminhos que ela por si só não ousaria enfrentar.
A vilã, Amarantha, deixa um pouco a desejar,
especialmente durante o período em que Feyre fica capturada por ela e tem que
enfrentar seus desafios, que são menos cruéis e inteligentes do que se espera
de uma vilã cruel e impiedosa, como é desenhada ao longo do livro, sagrando-se
ao final como uma rival mesquinha, tola e patética.
Os desafios aos quais Feyre é submetida, em sua
tentativa de salvar Tamlin e sua corte das garras de Amarantha, foram no mínimo
decepcionantes e muito previsíveis, mas a tenacidade da humana e sua relação
enigmática com Rhysand - que eu previra não estar revelando sua verdadeira
essência desde o princípio - salvam o que poderia ter constituído um final
desastroso para um livro tão rico em fantasia e criatividade.
"Agradeça
por seu coração humano, Feyre. Tenha piedade daqueles que não sentem
nada".
Confesso que estava resistindo a ingressar nesse
universo com medo de me decepcionar, por ser um livro tão badalado, mas mesmo
com algum grau de previsibilidade e banalidade nos capítulos finais, admito que
esse livro certamente entrou para a lista dos favoritos.
Faça as malas e embarque nesse universo muito bem
construído, misterioso, enigmático e instigante, e tente desvendar os segredos
que cercam Feyre e resolver os enigmas propostos pela autora, deixando-se
envolver pelo romance sensual e picante entre os protagonistas.
Vamos viajar?
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