CORTE DE ESPINHOS E ROSAS - SARAH J. MAAS

 


Uma versão moderna e um tanto mais assustadora de a Bela e a Fera, em um universo féerico, repleto de mistérios, enigmas e criaturas apavorantes, contrastando com fragmentos de humor, paixão, sensualidade e esperança.


"Eu sabia... eu sabia que seguia um caminho que provavelmente terminaria com meu coração mortal despedaçado, mesmo assim... Mesmo assim, não pude evitar."


Feyre é uma jovem humana com uma vida miserável, arriscando-se em uma floresta congelante e cheia de perigos para caçar alimento para sua família, composta, aparentemente, de um pai fraco e orgulhoso, e duas irmãs mimadas e ingratas.


Sua vida muda drasticamente quando ela decide abater um lobo, ainda que desconfie se tratar de um féerico, e acaba sendo levada para Prythian, o Reino féerico, como prisioneira para pagar a dívida pela morte que causou.


Na corte primaveril, Feyre descobre que a maioria de suas crenças sobre os féericos é baseada em mitos inverídicos, e ali, sem a responsabilidade de prover o mínimo para sua família, ela começa a usufruir de uma liberdade que jamais experimentou e da possibilidade de realmente descobrir quem é.


Tamlin, seu captor, inicialmente se mostra como a Fera brutal que Feyre acredita que ele seja, mas aos poucos demonstra sua verdadeira natureza, concedendo à ela a liberdade que ela sequer considerava almejar, além de um vislumbre de esperança de uma vida digna, para ela e sua família.


O romance dos dois é intenso e repleto de empecilhos, como a máscara que impede Feyre de conhecer as verdadeiras feições de Tamlin, e a ameaça de uma praga que promete acabar com tudo o que a garota está começando a apreciar, inclusive seu amado.


Feyre está rodeada de perigos e enigmas, os quais ela é inicialmente incapaz de revelar, mas à medida que vai abrindo os olhos para os seus arredores, e para dentro de si mesma, ela finalmente consegue desvendar os mistérios necessários para garantir a sua sobrevivência.


Os personagens coadjuvantes são tão ou mais interessantes que os protagonistas, com destaque para Rhysand, Lucien e a irmã supostamente mimada e ingrata, Nestha, que direcionam Feyre a se aventurar por caminhos que ela por si só não ousaria enfrentar.


A vilã, Amarantha, deixa um pouco a desejar, especialmente durante o período em que Feyre fica capturada por ela e tem que enfrentar seus desafios, que são menos cruéis e inteligentes do que se espera de uma vilã cruel e impiedosa, como é desenhada ao longo do livro, sagrando-se ao final como uma rival mesquinha, tola e patética.


Os desafios aos quais Feyre é submetida, em sua tentativa de salvar Tamlin e sua corte das garras de Amarantha, foram no mínimo decepcionantes e muito previsíveis, mas a tenacidade da humana e sua relação enigmática com Rhysand - que eu previra não estar revelando sua verdadeira essência desde o princípio - salvam o que poderia ter constituído um final desastroso para um livro tão rico em fantasia e criatividade.


"Agradeça por seu coração humano, Feyre. Tenha piedade daqueles que não sentem nada".


Confesso que estava resistindo a ingressar nesse universo com medo de me decepcionar, por ser um livro tão badalado, mas mesmo com algum grau de previsibilidade e banalidade nos capítulos finais, admito que esse livro certamente entrou para a lista dos favoritos.


Faça as malas e embarque nesse universo muito bem construído, misterioso, enigmático e instigante, e tente desvendar os segredos que cercam Feyre e resolver os enigmas propostos pela autora, deixando-se envolver pelo romance sensual e picante entre os protagonistas.


Vamos viajar?

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