GAME OF THRONES – GEORGE MARTIN
O J. R. R. Tolkien da atualidade, George Martin, criou um universo igualmente mirabolante, com territórios incrivelmente detalhados, reinos fantasticamente explorados, personagens de extrema profundidade emocional e um enredo misterioso e surpreendente nesta guerra de tronos.
Eu fui empurrada para esta
armadilha por um grupo de amigos fãs da série que queriam tanto que eu lesse os
livros que me presentearam com todos os livros até então publicados (A guerra
dos tronos, A fúria dos reis, A tormenta de espadas e O festim dos corvos) e eu
fiquei completamente emaranhada nesta trama cheia de suspense, tensão, aventura
e muitas disputas ardilosas.
Contra minha regra de sempre ler
primeiro os livros e depois assistir ao filme ou série, neste caso eu assisti
primeiro as duas primeiras temporadas da série da HBO antes de começar a
leitura, e não foi prejuízo, pois, para mim, a série e os livros se tornaram
coisas quase independentes entre si, especialmente nas temporadas seguintes, em
que a trama se desvencilhou quase por completo dos livros.
A série é visualmente fantástica
e muito bem produzida e proporciona uma viagem muito interessante pelo universo
criado por George Martin, porém, os livros são muito mais densos, profundos e a
trama desenvolvida neles supera muito a superficialidade oferecida pela série,
cujo tempo televisivo não permite explorar todas as nuances contidas nos
livros.
Os cenários descritos por Martin são tão detalhados e as descrições das lutas são tão vívidas que transportam o
viajante para dentro do campo de batalha. Além disso, as disputas psicológicas
e emocionais na busca pelo trono mais cobiçado e amaldiçoado da ficção são tão
ardilosas e cheias de intriga que mantém o viajante preso capítulo após
capítulo.
A escolha de Martin de narrar
cada capítulo sob a perspectiva de um importante personagem diferente, em um local
diferente, que na maioria das vezes não possui o conhecimento do que está
acontecendo com os demais nas outras partes do reino, instiga ainda mais a
leitura, pois o viajante não consegue parar de ler até voltar ao próximo capítulo
daquele personagem e descobrir o que vai acontecer na sequência.
A densidade e profundidade dos
personagens também fascina o viajante, mas tente não se apegar demais a nenhum
deles, pois Martin não tem piedade em acabar com a vida literária de nenhum
deles, de forma brutal e surpreendente, mesmo quando eles parecem que terão um
papel fundamental no desenrolar da trama principal. E a verdade é que, mesmo
depois de mortos, muitos deles continuam tendo um papel fundamental sobre a
condução dessa história de extrema criatividade.
O único ponto negativo que se
encontra nesta série é o fato de ainda estar inacabada, sendo que o último
livro, o quarto da série (A dança dos dragões), foi publicado em 2011, e os
dois livros finais (Os ventos do inverno e Um sonho de primavera) – pois
supostamente serão apenas mais dois, o que obviamente pode mudar – não possuem
sequer previsão de publicação.
Este fato se torna ainda mais
terrível considerando que a série televisiva não foi capaz de apresentar um
final sequer meramente satisfatório, deixando os fãs e leitores desta obra
ainda mais apreensivos quanto ao final desta saga mirabolante.
Além disso, considerando a idade avançada
de Martin, existe real pânico de que os livros finais nunca venham a ser
finalizados e que nós viajantes fiquemos órfãos do final desta trama que nos
prendeu por milhares de páginas de dedicação, empenho e mistério.
Para quem esteve escondido em uma
caverna nos últimos 10 anos, segue um resuminho básico sobre do que se trata
essa série, sem aprofundar muito para evitar spoilers indesejados.
“Algumas verdades não
podiam ser ditas, e algumas mentiras eram necessárias. ”
Westeros e Essos são os
continentes em que se passa a história da guerra pelo trono de ferro, que era
ocupado pela família Targaryen até o Rei Louco, Aerys Targaryen, ficar obcecado
pelo fogovivo e acreditar que todos estavam conspirando contra ele,
principalmente o Mão – espécie de conselheiro real - Tywin Lannister, e
ordenar que Richard Stark fosse queimado vivo quando ele foi reivindicar seu
filho que havia sido preso pelo Rei Louco quando foi até Porto Real – a capital
do reino – desafiar o príncipe Rhaegar que, supostamente, havia sequestrado sua
irmã, Lyanna Stark, que estava prometida a se casar com Robert Baratheon.
Com a morte de Richard e Brandon
Stark, que morreu enforcado tentando salvar o pai do fogo, Robert Baratheon começou
uma rebelião contra o rei, reivindicando sua saída do comando e buscando salvar
sua prometida Lyanna. Muitas casas importantes – famílias tradicionais – se uniram
a ele e, quando Aerys percebeu que não venceria a batalha, ordenando que a
cidade fosse queimada, e todos nela, bem como que Tywin fosse morto pelo seu
próprio filho, Jaime, líder da Guarda Real, acabou sendo executado por Jaime,
que recebeu a alcunha de regicida.
Robert Baratheon assumiu o trono de ferro, casou-se com Cersei Lannister, irmã de Jaime, quando não obteve êxito em recuperar sua prometida Lyanna, que morreu em seu suposto cativeiro
O primeiro livro da série começa com esse cenário, quando a família real vai até
o norte visitar a família Stark.
“Quanto mais
ferozmente o homem tiver queimado em vida, mais brilhante sua estrela será na
escuridão.”
Nos Sete Reinos as famílias
nobres espalham suas teias de intrigas e preparam suas artimanhas na disputa
pelo poder e influência política sobre o Trono de Ferro, enquanto do outro lado
do mar, em Essos, a herdeira exilada da Casa Targaryen, Daenerys, luta por sua
própria sobrevivência, sob as garras de seu mesquinho e cruel irmão Viserys,
aspirando retornar a Westeros e reassumir o trono que pertence a sua família
por direito.
Além da disputa pelo trono e de
todas as minúcias e tramoias que se seguem por conta disso, no norte criaturas
lendárias e misteriosas conhecidas como Outros ou Caminhantes Brancos, ressurgem depois de milênios
ameaçando atravessar a muralha que protege Westeros e destruir o reino dos
homens.
“O inverno está
chegando.”
A partir daí a trama se complica
e se enreda de formas completamente inesperadas, aterrorizantes, emocionantes e
surpreendentes.
Muitos não recomendam a leitura, apontando-a como cansativa e exaustiva, especialmente pela tradução ruim que foi
apresentada a nós brasileiros, tudo isso somado à ausência de perspectiva da
entrega dos livros finais. Eu digo que nada disso é capaz de afastar o valor
literário desta série e a viagem incrível que ela proporciona.
“Um leitor vive mil
vidas antes de morrer. O homem que não lê vive apenas uma”.
Com esta frase, recomendo fazer
as malas e embarcar nesta aventura por reinos fabulosos, entre batalhas épicas,
se envolvendo em artimanhas e ardis criativos e inteligentes, ao lado de
personagens profundos e apaixonantes, nesta disputa pelo trono de Westeros,
tentando desvendar quem ficará com o trono no final e como, e de que maneira irão finalmente triunfar sobre os caminhantes brancos, que deixam um rastro de destruição por onde passam.
Vamos viajar?
👏👏👏👏👏
ResponderExcluirMuito emocionante sua paixão pela obra literária e descrição de detalhes da obra como um todo, além da bela descrição das aspirações do autor em surpreender a quem acompanha a saga.
ResponderExcluirParabéns por esse belo e bem aventurado Blog!
Excelente!
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