UM PORTO SEGURO – NICHOLAS SPARKS

 

Impossível não ter ouvido falar sobre esse autor que vem arrebatando o público nos últimos 20 anos, com histórias românticas e dramáticas que nem sempre apresentam um final feliz, mas que cativam e inspiram leitores e telespectadores ao redor do mundo, sendo um dos autores que mais conta com adaptações cinematográficas.

Sparks criou uma fórmula que pode até ser repetitiva, mas inegavelmente faz enorme sucesso, especialmente entre o público infanto-juvenil e feminino, e isso porque os romances dramáticos e enriquecedores são necessários.

Segundo o autor, em seus livros ele apresenta “histórias de amor passadas em pequenas cidades e com personagens problemáticos, mas adoráveis”, o que vem sendo sua receita de sucesso em mais de 20 obras publicadas, sendo que onze delas já foram adaptadas para o cinema.

A razão de tanto sucesso, em que pese uma fórmula simples e recorrente, narrativa acessível, personagens falhos, realistas e cativantes, com os quais é fácil se identificar, está na singeleza dos romances que o autor apresenta em suas obras, todos permeados de desafios, superação, fé e companheirismo, peculiaridades tão necessárias para encarar a vida.

"Nos momentos mais difíceis, o amor é o único refúgio."

Na evolução e superação dos personagens, o viajante reflete sobre seus próprios desafios, observa a si mesmo e aos outros sob outra perspectiva e consegue encontrar lições e incentivos para alcançar sua própria superação.

Além disso, a forma como Sparks consegue captar a alma feminina e desenvolver romances que engrandecem e emocionam é em grande parte responsável por sua receita de sucesso na literatura atual.

Em Um Porto Seguro essa fórmula está presente, mas conta com uma pitada de suspense, que intriga e mantém o viajante alerta e instigado capítulo após capítulo.

"É assim que a vida funciona. Na maior parte do tempo nada é fácil. Temos simplesmente que tentar fazer o melhor que pudermos.”

O livro começa com a fuga da personagem principal, Katie, de seu marido, que é policial. Durante a perseguição não é possível saber se Katie é uma inocente apavorada ou se é culpada de algum terrível crime. Só o que se sabe é que ela está em desesperada fuga de seu marido, que possui todos os meios para encontrá-la.

Mesmo assim, Katie consegue chegar e se estabelecer em uma pequena cidade, onde sua única vizinha, na casa isolada que ela aluga, faz amizade com ela e a ajuda a compreender seus sentimentos, especialmente quando entra em cena um jovem viúvo chamado Alex, dono de uma loja de conveniências, que tem dois filhos e por quem ela começa a se apaixonar.

Enquanto Katie e Alex começam um romance quase platônico e ela vai revelando a ele traços do seu passado, inclusive sobre como era maltratada e abusada por seu marido, de quem fugiu, o marido, Kevin, não desiste de procurá-la e acaba se revelando um bêbado e psicótico, que acaba por ser afastado de suas funções por se apresentar bêbado em serviço, o que indica que Katie realmente é uma vítima inocente das atrocidades do marido, embora sempre reste uma pontada de dúvida sobre seu caráter.

Katie é misteriosa e reclusa e evita a todo o custo se envolver com Alex e sua família, embora ele seja um homem honrado e honesto, e os dois estejam realmente apaixonados, e é nítido que Katie quer poupar a ele e sua família da bagagem trágica que ela carrega, que o viajante só vai descobrir exatamente qual é ao final do livro, quando finalmente ocorre o confronto entre ela e seu marido Kevin.

A surpresa, contudo, não está neste confronto, mas na revelação que acontece na parte final do livro, que é completamente inesperada e emocionante e encerra de forma excelente a história desses personagens apaixonantemente reais e carismáticos.

"Mas eu realmente acredito que, embora o amor possa ferir, ele também seja capaz de curar.”

Faça as malas e se deixe levar e sonhar com esse romance, tentando desvendar os mistérios que envolvem os personagens, e inadvertidamente colhendo lições importantes sobre a vida enquanto se encanta com essa bela e singela leitura.

Vamos viajar?

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